.:Matheus com H│Blog: junho 2016

25 junho 2016

Sangue, ferro e outras coisas


Me senti lançado à superfície de uma lagoa. Bati algumas vezes e finalmente mergulhei. Mergulhei de uma maneira tão intensa que a pressão só foi me jogando pra mais fundo, não sei se consigo voltar. Na verdade, não quero. Quero poder estar mergulhado nesse sentimento infinitamente. Acho engraçado que tudo me faz lembrar, quer dizer, quase qualquer coisa. Eu tava andando por um caminho aí e vi um tronco cortado, ele tinha formato de coração. Sabe, as melhores pedras pra bater na lagoa são aquelas achatadas, que ocupam quase que só um plano. Que bom que não me foi devolvida, quero poder ficar submerso nesse rio indefinidamente . Quero poder me lembrar de você atemporal e incessantemente, não importa quantas vezes forem necessárias, só pra que eu me sinta perto de você.

É fato que minha razão se desconecta e que os meus sentidos não funcionam como antes, mas tudo de você me desconfigura, me faz caminhar à sua frequência. Seu cheiro, seu rosto, sua boca, suas manias, sua voz, tudo, tudo isso se injeta em meu sangue e faz minha cabeça virar de uma maneira tão louca. Eu me sinto uma pessoa boba, como naqueles filmes bobos de amor. Posso até me envergonhar um pouco, mas gosto tanto do que estou sentindo que só vou fingir que não conheço mais ninguém. Não ligo, só isso,  

19 junho 2016

Tempo


No decorrer de nossas histórias, vamos tentando adicionar em nossas essências as coisas mais especiais. Como nunca antes, a minha essência está sendo inexplicavelmente preenchida. Acho que cada lágrima minha é um cristal, os mais escuros eu coloco no fundo da gaveta e os claros e translúcidos, coloco bem a frente, na prateleira. Os abraços de uma abelha e um zangão coloco no meu coração. Estava pensando no presente perfeito e acho que não tenho jeito pra essas coisas, acabei perguntando, pra algumas coisas não tenho tanta criatividade assim... Fiquei um pouco surpreso, mas satisfeito. Cores são realmente incríveis, queria ser um semi deus, assim poderia pegar um arco-íris, colocar em um pote de vidro e te dar, abelha, mas como não sou, já me desculpo, caso eu não consiga pensar em algo tão legal e impressionante a tempo. Estou pensando no seu rosto nesse momento e estou colocando mais cristais claros na minha prateleira. Pensei, zangão, devido às suas preferências, em me dar de presente pra você, mas já acho que fiz isso já há algum tempo, aos poucos, sem perceber, e aí fico cercado de todos os lados, pois acho que essa é a maior coisa com a qual posso presentear alguém, então não sei mais o que fazer. Enfim, aí fico perdido nesse domingo qualquer, que não é tão qualquer assim, pois estou escrevendo pra vocês, ainda continuo achando importante dizer o quanto gosto de voar com vocês por aí, por Terabithia, pelos campos, pelas multidões ou qualquer lugar. Enfim, prometam que jamais dirão tchau pra mim, pois ainda acho que uma vida é tempo suficiente pra conseguir descobrir o presente perfeito.

16 junho 2016

Respiração


Acho que meus pulmões exalam poesia e só estou deixando fluir. Quanto mais eu penso sobre isso, mais inexplicável fica, menos grafável se torna. E ao pensar no calor desse abraço, começo a perceber que não caibo mais dentro de mim e que também não é a primeira vez que me sinto assim. Estou dormindo pois se não meu corpo definha, mas esse tempo vem se encurtando, pois me atraso ao pensar em você e me adianto em pensar em você. Espero que isso soe como um sopro quente em seus ouvidos. Talvez eu seja mesmo complacente, mas não me importo, acho que gosto de tudo em você, então não acho que eu seja muito capaz de discutir isso de maneira racional. Notei que reparo os mais simples detalhes e que fico arrepiado com cada aspecto, mesmo que eu veja infinitas vezes, o contorno de sua mão sempre me será algo novo e encantador. É o que eu chamaria de hipnose fatal. Uma vez ouvi dizer que quanto mais se fala de alguém que gosta, mais intenso o sentimento fica. Acho que tenho ficado viciado em lembrar de você e acho que por isso estou ficando cada vez mais vidrado. Decidi que não preciso esconder meus sentimentos, vou demonstrar tudo o que tem pra ser demonstrado. Acho que essa sensação de talvez reciprocidade me encoraja a expressar. Ultimamente tenho andando meio bipolar, às vezes acho que preciso só da minha cabeça para te desenhar, mas às vezes me sinto completamente aflito por não conseguir falar mais com você, essa segunda situação é a responsável por fazer com que cada orquestra pareça sempre a primeira de todas.
Algumas palavras parecem que irão ecoar eternamente em minha cabeça e, céus, como isso é excêntrico, na verdade me sinto como se eu fosse um estrangeiro em outro mundo. Viver uma sensação nunca antes vivida, o sentimento de entrega total. Talvez eu não seja mesmo um anjo, mas estou quase me convencendo que posso voar, ou ao menos flutuar quando seguro minha respiração - um sonho que tive - é assim que sinto. E foi assim.

14 junho 2016

Ventos Ocidentais


Parece que o frio decidiu avançar e os ventos decidiram prosperar. Ontem aprendi o que era muzak, achei bastante conveniente, pois ontem mesmo pude assistir a uma orquestra de ninfas bem de perto. Pude saber algumas coisas que eu diria que compõem verdadeiramente doces sonhos. Um retrato imaginário do toque de duas almas e um sentimento de eterna união de dois corpos. Acho que pra mim, as coisas são muito intensas, uma simples brisa ressoa meus batimentos cardíacos e eu me deixo levar, como se fosse um pequeno grão de leão. Repetitivo ou não, não me canso de dizer o quanto isso me faz sentir infinito. O tempo que se estende por dimensões. Ali eu estava e ali eu queria estar eternamente, não diria que até o fim dos tempos. Profano ou não, já desacredito nessa teoria de arrebatamento. Definitivamente, algo tão belo não pode queimar, tal como costumam dizer. O fato é que estou cada vez mais perdido, estou cada vez mais enlouquecido. Parece paradoxal falar de insustentável leveza, mas é o que é, e estou experimentando disso agora. Meu coração parece uma pena prestes a se soltar e voar incontrolavelmente para algum lugar. 
É como se eu estivesse em uma bolha de sabão que está subindo, bem alto, quero que essa bolha seja de diamante, suba e não se estoure. Eu estava pensando em como tento me equilibrar nos paralelepípedos dos caminhos que passo, como se fosse uma criança louca, hiperativa. Continuo me equilibrando, ou desequilibrando, mas a normal é quase nula dessa vez. Mal sinto meus pés pressionando o concreto.
Há algumas prazeres na vida que são inexplicáveis, como o de olhar uma rocha com uma lupa, bem de perto, e observar os mínimos detalhes, se impressionar com cada milímetro e conseguir distinguir os minerais que a compõem. No final, o clímax, um suspiro e um arrepio profundo, como eu gosto disso. Pois é, as rochas possuem cores, texturas e até sabores e cada uma é um momento diferente, uma sensação diferente, um pensamento diferente. Gostar assim, é engraçado. Em um certo momento, é como se eu estivesse buscando algo que jamais encontraria, mas já havia encontrado. A clivagem de um cristal, um cheiro.
Cada vez que fecho meus olhos, em minha cabeça vêm os versos mais lindos que percorrem feições encantadoras da forma mais impressionante. Minha boca só consegue proferir suspiros que se interpretados, serão lembrados como a lira das liras.
No fim, decidi que valia a pena. Talvez se eu não ousasse enfrentar essa corda bamba, ficaria pra sempre no outro lado do precipício. A não ser que haja um vendaval, não há por que eu me desequilibrar. Tal leveza me assusta um pouco e o paradoxo da insustentabilidade se encontra aí. É um sentimento tão suave, mas ao mesmo tempo violento, que chegou gritando olá, e eu respondi olá. E isso significou que eu não mais me pertencia, que eu não era mais meu. 

12 junho 2016

Pessoas


Eu nunca imaginaria que viver fosse tão estranho. Eu estou em uma festa e aí não consigo me manter mais de pé. Meu coração bate o suficiente só para que eu não morra de desoxigenação, com muito esforço. Eu estava andando a pé em uma estrada, descalço. À medida que fui andando, meus pés começaram a sangrar, pois não percebi que estava naquela estrada de rosas havia espinhos. Começou a doer tanto, que meu corpo começou a inibir a dor automaticamente, só sentia meus pés pulsando, eu estava completamente apático. Sabia que havia algo errado, mas era como se não houvesse.
Definitivamente, eu sou um imbecil. Estou por horas esperando um beep no meu celular. Não por isso, mas por não entender o porquê de a leveza durar somente por alguns momentos e o peso insistir em ficar. Estou novamente depresso. Acho que essa dor irritante em minha cabeça é completamente psicológica, estou sem nenhuma vontade de fazer alguma coisa. Quero ficar trancado no meu quarto escuro e ficar petrificado, sem sentir nada e depois acordar bem. Não se desculpe, acho que quem deve ser desculpar sou eu, por ser tão burro, por ser tão sensível, por ser tão eu. Outro dia entrei em desespero por não ter alguém para poder conversar, na verdade havia, mas eu precisava de falar sobre algo que eu não sabia o que era. E aí, no outro, foi aquela loucura toda. 

06 junho 2016

Questões


Eu meio que estou me sentindo como um ponto preto num arco-íris. "No jardim da minha avó havia borboletas de todas as cores, azuis, brancas, verdes e rosas, mas de todas, eu amava mais as amarelas, pois elas são as mais belas" (só quis lembrar da minha infância, já que estou falando de cores). Quente. Acho que meu calor está voltando por eu estar tão escuro, Estou tentando conseguir me misturar às cores, tornar-me branco de tão colorido. Mergulhar nessa infinidade de variáveis. Isso às vezes parece estar fora de mão, na verdade, ultimamente tem tudo parecido mais difícil. Acho que eu que tenho estado a dificultar as coisas. Queria voltar a ser aquela criança que fazia coisas erradas que não afetavam o mundo e nem a minha vida de maneira tão negativa. Teve aquela vez que subi em cima do vaso pra tentar pegar o papel na janela. Obviamente, a Terra, muito ciumenta, me puxou pra baixo. Chorei tanto. Ou a vez que desci a escada da minha tia rolando e fiquei parecendo um touro com um chifre em cada lado da testa. Também chorei. Acho que esses choros passados eram sempre por dores inusitadas ou por medos irrisórios, como bicho papão ou homem do saco. Agora parece tudo pior, acho que não vou conseguir colocar gelo no galo da minha razão. Os choros recentes têm sido estranhos. É como se eu imaginasse uma pancada bem forte, e de repente lá está ele, insiste em me enforcar. Mas não sei, acho que me sinto assim por vergonha mesmo. Talvez seja assim a forma de começar me pintar e ser como um quadro de Monet, cheio de cores e refletindo a vida. Van Gogh também são lindos, mas acho que não preciso de mais loucura em meus contextos. Já bastam os que me arranjei. "Você está bem?". Aí eu paro pra pensar, bem, acho que estou. Quer dizer, estou. Aí vem um ponto final e depois vejo o que mais vou falar. 

05 junho 2016

Cachoeira


 Se eu não melhorar, que eu morra.
  Se eu não melhorar, que eu morra.
   Se eu não melhorar, que eu morra.
    Se eu não melhorar, que eu morra.
     Se eu não melhorar, que eu morra.
      Se eu não melhorar, que eu morra.    
       Se eu não melhorar, que eu morra.
        Se eu não melhorar, que eu morra.
         Se eu não melhorar, que eu morra.
          Se eu não melhorar, que eu morra.
           Se eu não melhorar, que eu morra.
            Se eu não melhorar, que eu morra.
             Se eu não melhorar, que eu morra.
              Se eu não melhorar, que eu morra.
               Se eu não melhorar, que eu morra.
                Se eu não melhorar, que eu morra.
                 Se eu não melhorar, que eu morra.    
                  Se eu não melhorar, que eu morra.
                   Se eu não melhorar, que eu morra.
                    Se eu não melhorar, que eu morra.
                     Se eu não melhorar, que eu morra.
                      Se eu não melhorar, que eu morra.
seeunãomelhorar